quinta-feira, maio 07, 2009

A IMPORTÂNCIA DO FUSÍVEL




05h00min – Preparo para encontrar o pessoal do MC Cometas do Asfalto. Moto abastecida, carga bem segura, e saímos as 05h30min. Nos das Custom saímos na frente e logo depois as esportivas. Chuvinha fina, dia amanhecendo e la vamos nos rumo a Paulo Afonso para o Moto Energia 10 anos. Primeira parada pouco antes da cidade de Caruaru, tomamos o café da manhã e partimos. A chuva já nos tinha liberado e o velocímetro marcava seus 120 KM/h. Estrada dupla até a cidade de São Caetano no estado de Pernambuco ainda. O frio era bom, para nós aqui do nordeste era MARAVILHOSO. Logo depois deixamos a BR 232 e pegamos a esquerda a BR 423 o rumo agora era Garanhuns-PE, umas das cidades do frio pernambucano e onde é realizado o Festival de Inverno, onde músicos e bandas famosas se apresentam todos os anos no mês de junho. Ao chegarmos em Garanhuns fomos recepcionado por uma das Concessionárias da Honda, uma água para hidratar e uma gasolina para as motos, em especial as Custom pela sua inevitável autonomia e partimos, desta vez o rumo era a cidade de Águas Belas PE, faltando pouco para alcançar a divisa com Alagoas. O tempo mostrava algumas nuvens escuras mas sem previsão de chuvas, apenas aquele friozinho que fez os pneus agradeceram. Adentramos o estado das Alagoas, e chegamos em Águas Belas, abastecemos e fomos a casa de um Sr que é pai de uma das nossas amigas do MC Cometas dos Asfaltos, lá foi um recepção muito calorosa, todas as motos em frente a casa dele e ele nos ofereceu um lanche de alto nível. Queijo de manteiga, queijo de coalho, Bolos, sanduíches, Paes, salada de frutas, café com leite, e mais comidas, por mim a festa ficaria ali mesma, mas... o ponto final era Paulo Afonso e depois de uns 40 minutos partimos. Quando já ouvindo na minha cabeça os sons das cachoeiras de Paulo Afonso, pois a CHESF a pedido do Prefeito e do evento abriu as comportas para que os visitantes pudessem apreciar as maravilhas da natureza em forma de cachoeiras, que moral o evento em? Bom, mas vamos relatar mais, afinal o que tem haver com fusíveis tudo isso? Antes do KM 40 nas coordenadas ( ), na minha frente passa uma moto esportiva e percebi que a mochila da garupa estava aberta e largando pela estrada, roupas, carteira, em fim, o que se leva em mochilas, eu comecei a buzinar freneticamente, a buzina da minha virago 1100 é uma daquelas de ar comprimido, mas???? O cara a mil e eu atrás que disse que ele ouvia? De tanto tentar e outra moto também cortou ele e fez sinal e ele foi para o acostamento. Nesse mesmo instante vejo que a buzina estava ficando rouca, eu sabia que não era pelo esforço das cordas vocais, pois eu como artista, (cantos e compositor) sei que se uma pessoa começar a gritar muito ela ficara rouca naturalmente, mas a buzina da moto? O que acontecera? Vi também que à medida que buzinava o conta giros da moto oscilava, estranho né? E de repente a moto faltou som e imagem, e no mesmo instante como também tava encostando no acostamento e via que o coração dela parou. Meu deus? Enfarto elétrico do motocardio ??? E parando em seguida o Wilson do MC Cometas do Asfalto e o Sóstenes do MC Anjos de Quatro Patas, e mais outros amigos. E aí vem os diagnósticos: Foi a gasolina, ou seria a bateria, quem sabe o retificador, e minha cabeça rodava, em desalegria com minha Virago, o que seria que ela queria me apresentar? Pega ferramentas, tira a bateria e vê que esta sem água, mas... uma pessoa tinha me falado que essa bateria não pegava água era blindada, mas tinha os locais para abrir e colocar, e um falou, claro que leva água, mas onde arranjar água, vamos colocar mineral mesmo. Nessa hora quem não saca nada (como eu, ainda) fica escravo das idéias dos outros que ao meu ver são mais antigos e devo respeita los por ordem dos tempos. Mas nada de solucionar o problema. A moto não queria papo com energia elétrica, e resolvemos empurrar, força, ela pesa muito e com o tanque ainda mais da metade e carga, a moto pegava soluçando, como se estivesse apenas um piston na ativa, imagina minha cara ao pensar no meu bolso?? Mais a força para se mover pelo motor era quase nula, soluçava, pulava e andava bem devagar, cheguei a me lembrar das velocidades baianas, devagar, devagarzinho e Dorival Caymmi, pois é, a moto ia nessa velocidade. Começava a chover, aquela chuva tipo nem molha nem para mas, encharca. Solução? Ir até Paulo Afonso e tentar um reboque. Minha companheira ficou numa casa em frente e lá vai eu na moto do Sóstenes do MC Anjos de Quatro Patas, ele me confessou (depois no evento) que nunca levara nenhum na garupa por não ter essa habilidade, motivo pelo qual ele não viajara com sua companheira. E a chuva começava a querer me avisar que existia. Estava mos a 70 km da cidade de Paulo Afonso, na metade do caminho paramos em um posto para saber se tinha algum reboque, e o frentista falou que “temos não, hoje é feriado” dia do trabalho, e que trabalho!!! Ao descer da Virago do Sóstenes deu um começo de câimbra e eu fui ao chão, e caí de costas batendo com o capacete,(vejo como é importante o capacete) caí sozinho, descendo da moto, mas se não tivesse usando o mesmo!!!. Não tinha reboque, troquei de moto por instinto, pois não queria prender mais meu amigo, apesar de eu saber que ele faria tudo que fosse possível, mas subi na F 750 do Wilson MC Cometas do Asfalto, e la vai velocidade até Paulo Afonso. A chuva continua, o céu todo cinzento, a tarde se despedindo do dia. Ao entrar na cidade, aquela maravilha de cenário, muita água, pontes, cânion, e eu a pensar na minha companheira que ficara lá, mas sei que ela é desenrolada nessas horas. Ao entrar no evento fomos ao local de inscrição e falei do problema, fui atendido por Urubu, um dos MC Cavalo Doido, ele me falou, não se preocupe, ta resolvido seu problema, temos reboque, e mecânico a disposição 24 horas. Maravilha, que atendimento. Ele fez algumas ligações e depois de vinte minutos eu estava conversando com João Flor, o proprietário de um reboque e o mesmo já chamou seu fiel amigo, o Lopes. E Lopes me fala, - me aguarda quinze minutos que te apanho ali, indicando uma sombra de uma arvore numa praça ao lado do evento. Espero quinze, vinte, quarenta minutos e chega ele num gol com o reboque atrelado. Passamos no posto e abastecemos o veiculo, sessenta reais de gasolina. E zarpamos, já escuro paramos ao lado da moto e logo minha companheira acenou com e se despediu da família que estava apoiando ela, Sr. Renato, sua companheira e duas filhinhas. Empurramos a moto para subir no reboque, prendemos e saímos, graças a Deus, pelo menos minhas companheiras estavam comigo já, me refiro a mulher e a moto. Andamos poucos quilômetros, pouquinho mesmo e o Lopes falou, acho que o pneu ta estranho e parou para observar o mesmo. Advinha o que aconteceu??? Pneu baixou, abrimos a mala traseira, retiramos duas caixas de som que era quase do tamanho da minha Virago 1100 e pegamos o pneu. Mas na maré que eu tava advinha o que aconteceu? Já sacou né? Pois é, o pneu estepe estava murchinho da Silva Xavier. O que fazer?? Minha companheira fala, coloca o do reboque no carro e esse murcho no reboque, pois é mais leve. Fiquei até impressionado com tamanha inteligência da milha companheira, eu nem o Lopes pensava mos nisso, Salve as Mulheres!!!. Fomos trocar e o que acontece??? Cadê as chaves de roda? O parafuso do reboque não queria papo com a chave que ele tinha e a sorte é que eu tenho uma chave tipo inglesa que deu para solucionar o problema. Trocamos tudo, sorrisos nos rostos e partimos, andamos um pouso e pneu do reboque, que era do carro não agüentou e esfarelou no sentido mais amplo da palavra, tratava se de um pneu coberto e já estava ressecado por dentro. Não quero por isso tudo desmerecer o reboque, pois sem o mesmo acho que ainda estaria em Paulo Afonso. Como paramos ao lado de um posto, pois rodamos com o o pneu murcho até ficar num local mais seguro, motivo esse que fez o pneu esfarelar se. Na frente do posto tinha uma borracharia, se é que aquilo poderia ser chamado de tal. O rapaz tirou o pneu da roda e vimos que a câmera de ar estava com 6 furos, e não tinha o aro correspondente para vender, pois o Lopes até pensou em comprar um pneu. Mas não tinha o aro referente, em fim ? o que é um “peido” para quem ta todo cagado? Solução era telefonar para João Flor e pedir para que outro carro trouxesse um pneu. O que ele prontamente fez, falou com o Telos, é esse é o nome do rapaz mesmo, é Telos pegou o carro e veio até onde estava nós. Sujeito inoxidável, ficamos amigos. Bom ele chegou depois de algumas horas, (risos) imagino que vocês estão rindo também. E finamente trocamos o pneu, ele trouxe dois pneus completos mas como já era tarde achamos melhor ir logo para Paulo Afonso. Pois ainda tinha a Barraca para montar, pois não consegui mas hotel nem pousada nem motel, o evento é grande e eu tinha decidido ir mesmo acampando, e fiz a cabeça da minha companheira para acampar, coisa que ela nunca tinha experimentado. Bom, chegamos a cidade de Paulo Afonso já era sábado, meia noite e quinze. O Telos trabalhava no Clube do Jipe, local que fora gentilmente cedido para as pessoas armarem suas barracas. Não era um clube de camping, mas tinha espaço suficiente. Lá já tinham varias barracas, pessoal de Mossoró RN, de Souza PB e mais outras. Armamos a barraca e fomos até o evento de carro, a moto ficou ao lado da barraca que eu inaugurara.

Sábado de manha, 09:00hs o João Flor chega com uma chupeta e tentamos ligar a moto, ela ainda não queria nada com a vida, não acendia nada no painel, nem tão pouco o motor chegara a p pensar em funcionar. Levamos ao mecânico da cidade indicado pelo pessoal do MC Cavalo Doido, que são os mesmo do evento. Desde já agradeço a hospitalidade e tamanha organização do evento. Ao chegar na oficina, o Helinho passa a bola para o seu sobrinho cuidar da moto. E que profissional ele viu, menino novo, seus 17 a 19 anos de idade. Contei para ele o que aconteceu e ele já de cara, abriu o compartimento onde fica o compressor da buzina, aquela bolha lateral, de um lado filtro de ar e do outro como é vazio o compressor. Desligou os fios do mesmo, colocou uma bateria de carro, tocou e a moto???? Vrummmmmmm vrummmmmmm. Havia um sorriso na minha face, parecia que o mundo acabara de ser descoberto. Só em saber que o problema tinha sido resolvido. E ele me falou, passa aqui as 13:00hs que eu vou dar uma carga na bateria. De lá fui com o Telos para uma prainha, comer uma tilapia e um tucunaré, peixes de água doce que dificilmente encontro e por morar em Noronha só como de água salgada. Nem vou contar o que houve nesse episodio do peixe, a não ser que vocês peçam ao redator para liberar.

Às 13:40 Hs fui à oficina, a bateria não prestava mais, não pegou carga, e o Joao Flor me vendeu uma semi-nova. O preço do serviço foi 50,00 R$, paguei rindo. E a explicação final: A buzina não tinha um fusível que custa menos que um real, como o relé entrou em curto, em seguida queimou o geral da moto. Até pensamos em ver o fusível geral na estrada, mas nenhum de nós sabíamos onde era.

Moral da História

Sempre leia o manual da moto várias vezes.

Sempre tenha fusíveis de reserva.

Coloque fusíveis separados para cada coisa.

Ps. Comprei essa moto em Lauro de Freitas em setembro de 2008 já com a buzina instalada.

Muito grato a todos envolvidos na historia.

quinta-feira, outubro 19, 2006

CARA DE PAU NECESSÁRIA


DIAS DAS MÃES NUMA CHURRASCARIA RODÍZIO


Eu morei em duas casas em Brasília, não eram minhas as casas, claro!! Apenas eu tinha, e tenho ainda esses dois amigos irmãos, vou relatar uma vivencia que houve quando eu residia na casa do Pierre, ou melhor; na casa da Lais Aderne, mãe do próprio. Era um domingo dia das mães e como eu tenho a Lais como mãe artística, pois foi ela que batizou e deu a origem do Ju Medeiros. Eu falei ao Pierre: Cara vamos almoçar num restaurante para comemorar o dia das mães? E o Pierre falou, - Como meu irmão? Não temos grana nem pra gasolina do carro. E eu falei, - mas isso não é problema nos vamos e eu dou um jeito. Como um jeito? Perguntou Pierre. Temos dois problemas não é? Um é almoçar e outro é pagar o almoço, vamos lá.
Marcamos para encontrar com a Lais em uma churrascaria famosa em Brasília que vou omitir o nome por hoje o proprietário ser meu amigo, embora já ciente do que houve.
Como combinado ela chegou ao restaurante no horário marcado, sentamos a mesa e como era domingo dia das mães havia uma promoção da América Express que caso fosse portador de um cartão desses ganharia uma garrafa de vinho. Eu falei pra moça que sim, que tinha o cartão. Que na realidade até tinha, mas estava estourado há dias e com 100% de certeza de não ter condições de efetuar o pagamento. A situação era calamitosa, mas... Como diria Jairon um irmão meu já não mais neste mundo, “o que é um “peido” pra quem ta todo cagado?” e ganhamos o vinho, veio todo aquele ritual, colocaram o vinho na minha taça para degustar e falar se estava bom, e claro que todo vinho de uva é bom, (pelo meu conhecimento sobre a matéria). Falei que estava maravilhoso, que buquê, ainda cheguei a perguntar a uva e a data da safra. Embora nada disso me interessasse, como não interessa ate hoje. E começou os garçons atacar e perguntar se quer que seja iniciado o serviço. Eu perguntei a nossa mãe se já queria começar e ela falou, sim, claro, e eu tenho compromisso mas tarde. O Pierre não parava de chutar minha canela e perguntando como a gente iria pagar, e eu falava baixinho, vamos primeiro comer depois s gente ver como faz. E ele como bom irmão mais novo, aceitou e eu virei à plaqueta para a cor verde, dando assim inicio a comilança.
Noto que nesses restaurantes eles servem nessa ordem;
Lingüiça bem quente com uma farofinha, Frango assado, repetem isso mas algumas vezes e depois começa a servir uma picanha ou cupim. Eu saquei que em outras vezes nesses estabelecimentos isso era uma roubada, pois quando chegamos a um restaurante rodízio, geralmente estamos com bastante fome e logo queremos comer tudo que vem a mesa, mas... A lingüiça vem pegando fogo e isso faz com que a membrana do céu da boca leve uma queimadura leve, mas o suficiente para diminuirmos a vontade de comer, depois que já queimou o céu da boca, vem o frango, a carne do frango a gente morde, morde, morde e morde e ela vai cansando as mandíbulas, deixando a gente com, o céu da boca queimado, as mandíbulas cansadas. Depois eles ainda perguntam se a gente quer mais farofa, macaxeira ou aipim ou mandioca, depende onde esteja mas todos enchem o estomago. Então fica uma dica, ao ir a um restaurante desse tipo peça logo o que você mais gosta. E no terceiro corte. Terceiro????? É sim, muita gente pensando que entende de carne pede primeiro corte, para indicar que quer uma carne que não voltou ao fogo. Mas o primeiro corte quem deu foi quem matou o boi, o segundo quem separou os tipos das carnes, e terceiro quem preparou para ir ao fogo e a gente da o quarto corte.
Bom, depois desse lero lero todo, vou continuar meu enredo. Saciamos nossa fome muito bem e perguntei se algum queria sobremesa, e lá vem o carrinho da mesma a rolar pelo salão. Eu não agüentava mas nada, o Pierre que é bom de ração ainda comeu duas, e a Lais também não quis por já esta meio atrasada para o compromisso que tinha. Eu falei para ela que poderia ir que eu e o Pierre ainda iríamos ficar mais um tempo. E assim se sucedeu, ela foi embora, eu pedi um café com licor, o 43, e ficamos conversando. O Pierre já preocupado e meio e eu chamei o garçom e falei; - O senhor poderia me chamar o gerente? Ele educadamente respondeu. – algum problema com a comida Senhor? Não, respondi a ele, a comida estava maravilhosa, algo com o atendimento Senhor? Perguntou o garçom novamente, de forma alguma meu amigo, o atendimento foi até melhor que a comida, respondi a ele. Então qual o problema Senhor? Me chame o gerente, insisti, e ele falou; - senhor eu posso resolver antes de chamarmos o gerente, e eu falei, então ta bom, o caso é que não temos dinheiro, ele tomou um susto e falou, só com o gerente realmente senhor, e foi chamar o mesmo.
De longe dava para os ver conversando, e o gerente se aprontando para vir ate nossa mesa. E lá vem o gerente, o Pierre falou, eu vou ao banheiro e eu disse, negativo fique aqui para aprender a se sair de situações difíceis.

segunda-feira, outubro 09, 2006

FM NORONHA (PARTE 1)


RADIO FM NORONHA
(Primeira Parte)

Existe uma radio FM em Noronha, que pertencia a Rádiobrás e que depois passou para o Governo de Pernambuco, assim com a Ilha. Numa época eu com minha solidão cultural, doença grave em comunidades pequena, (a ilha tinha naquela época 1500 habitantes) comecei a ventilar a possibilidade de fazer um programa de radio. Havia um único programa que era o do meu amigo Raminho, e ainda há. Fui até o Palácio e falei com o Administrador, (espécie de prefeito). Devo afirmar que Fernando de Noronha não se elege prefeito nem vereador. E expus a ele minha idéia. O administrador na época era Domício Alves Cordeiro, que chegou a se auto titular como sendo o IMPERADOR da ilha segundo algumas pessoas. E ele era sim um sujeito totalmente aberto a um monologo. Bom, vamos correr um pouquinho para dar tempo de entrar no assunto em palta.
Consegui a autorização para fazer o programa, e era uma espécie de Robin Williams em Bom dia Vietnã. Eu começava o programa com um grito assim, “BOM DIA NORONHA, ESTA NO AR E NA ILHA O Ju Medeiros SHOW”. Como eu residia numa casinha na Praia do Meio, toda as manhas ia subido ate a Radio FM Noronha, e com um caderno ia anotando as queixas das pessoas em relação ao governo, IBAMA, super mercados, (se é que podia se chamar assim), e mais outros assuntos da mesma espécie. Durante o programa eu ia trazendo os assuntos mais significativo e de ajuda a população como um todo. Era totalmente imparcial. Dava o direito para sempre ser ouvido às duas partes, ou até mesmo a varias partes, que é o que vai rolar daqui a pouco.
Eu criava quadros por dia da semana, devido ao grande tempo que dispúnhamos, (Isso é que é Radio!!!!) então na segunda-feira tinha o Perguntas aos médicos, na terça-feira; Olhe os Preços, (onde eu ligava para todos os três mercados da ilha e fazia uma cotação dos principais produtos), as pessoas já saiam das casas com um destino certo em qual comprar: o frango num mercado, o arroz num outro o óleo em outro, e assim por diante, sempre esperavam eu fazer as perguntas, e era tudo ao vivo. Eu não permitia nada em off.
Tinha um outro quadro que se chamava Som das Almas, que só tocava musicas de Artistas que tinham morrido. Lembro-me do dia que toquei Antonio Marcos (ex da Vanusa). E tinha furos de reportagens. E em um belo dia....

Eleição para o quadro de diretores da Empresa Noronhense de Desenvolvimento, uma espécie de empresa que foi criada para desenvolver o turismo na ilha e tinha 86 sócios e a cada três ou quatro anos trocavam a diretoria. Nessa semana eu tinha convidado o Jairio, um dos que tentaria ser eleito para tal cargo. O Jairo era proprietário do Mega Shopping, um mercado que tinha 5 metros de frente por 25 de comprimento, embora se chamasse MEGA. E antes da entrevista ele me falou que entres eles fizeram um acordo para nenhum candidato se pronunciasse sobre o balanço da empresa, pois a mesma havia muitas divergências financeira, a saber. E ao saber disso a chamada assim: “(NÃO PERCAM HOJE, TUDO QUE VOCE DEVE SABER SOBRE O QUE NÃO PODERIA EM RELAÇÃO AO HOTEL), esse era o nome que usávamos para se referir a Empresa, pois era o único “Hotel” que havia na ilha”. Hotel Esmeralda, era uma pousada melhorada. Tinha até banheiro no quarto. Pra que vocês tenham uma idéia, naquela época era a única empresa que tinha ar condicionado no escritório, nenhum banheiro tinha chuveiro elétrico, era proibido, assim como ar condicionado em toda a ilha.

quarta-feira, março 22, 2006

MINHA PRIMEIRA GRANDE FESTA





Quando ainda residia em Campina Grande PB, me lembro da primeira grande festa que eu fui. Eu sempre insistia com meus pais no sentido de poder sair com eles a uma festa de gente grande, e eles nunca que me levavam. Mas, água mole em pedra dura tanto bate até que deu certo, e foi exatamente isso que aconteceu. Haveria um casamento de uns amigos dos meus pais e foi nessa que minha mãe resolveu me levar. Camisa social, sapatos novos, calças elegante, parecia até minha primeira comunhão. E lá fomos nós, minha mãe pedia pelo amor de Deus para que eu não cometesse nenhuma garfe, não falasse muito, não pedisse nada, ficasse quieto. Eu tinha meus 16 anos de idade. A cerimônia quase eu penso em suicídio, a demora era enorme, eu não conseguia entender absolutamente nada que o padre falava e olha que eu me esforçava muito, mas era em vão. Só pensava na festa, bolo, salgados, refrigerantes. E graças a Deus o padre pronunciou as palavras mágicas, “vão em paz e que Deus os acompanhem” e lá vai mais uma fila enorme para aquele momento natural que só uma flor de plástico, onde todos cumprimentam os noivos e desejam muitas felicidades. Nesse momento eu resolvo dar uma voltinha pelo salão, e lá estava a mesa preparada para a comilança, eu olhei para um lado, olhei para o outro e percebi que não tinha nenhum ser presente exceto minha insignificante pessoa, pela idade lógico! E fui dando uma volta em torno da mesa. O bolo era enorme, tinha até um casal em cima, novidade naquela época. Em toda borda da mesa tinham uvas verdes, isso era considerada a bala que matou Kennedy, era coisa difícil de ver em Campina, imagina comer! E eu prontamente arranquei uma uva enorme de grande e foi na hora que foi chegando as pessoas que já tinham cumprimentado os noivos, e na velocidade eu fechei a boca e comecei a mastigar lentamente. Ta certo que eu nunca tinha comido uvas verdes, mas deu par perceber que não eram uvas, pois a coisa tava grudando nos meus dentes e no céu da boca, o gosto era horrível, e eu não conseguia engolir. Foi me dando vontade de cuspir tudo aquilo, mas a sala já estava ficando lotada, e eu saí e lá fora da igreja e tentei cuspir, tentei mesmo, pois era difícil de tirar aquilo da boca e dos dentes. Mas depois de muito esforço consegui me livrar um pouco, embora passasse toda festa fazendo caretas. E assim foi a minha primeira grande festa.
Ah sim! Vocês sabem o que é parafina?

sábado, março 18, 2006

MEU SEGUNDO E QUASE ÚLTIMO MERGULHO EM NORONHA


Logo que cheguei à ilha, pra dizer a verdade, depois de um ano de ilha, resolvi aprender a mergulhar com cilindro, o mergulho de garrafa como a maioria conhece e pensa que é oxigênio que tem dentro. Na realidade é ar comprimido, claro que tem um percentual de oxigênio também. Mas o oxigênio puro não é benéfico se respirar depois dos três metros de profundidade.
Mas vamos a historia; resolvi aprender a mergulhar, e toda vez que o barco da Águas Claras, (na época a única empresa de mergulho na ilha), ia para o mar levando turistas para o mergulho com cilindro, eu ia com a galera e vez ou outra pintava uma oportunidade de descer, (mergulhar) com algum amigo. Primeiro eram os turistas e se sobrasse uma garrafa cheia ou pela metade eu aproveitava e dava um mergulho. No primeiro dia fui muito legal, eu já macaco velho no mar em ter tido “experiênciado” toda minha infância e adolescência na beira mar de Olinda - PE Mas mergulhar com cilindro é outra coisa, é a possibilidade de você retornar a respirar num meio liquido, e sabe o que isso significa? Retornar as sensações uterinas. Escreverei sobre isso em outro tópico. Mas vamos lá. O segundo mergulho, “ah o segundo mergulho!”. Durante a operação com os turistas, um deles resolveu abortar o mergulho pela metade, e o Rony falou pra mim, - se equipa que vamos descer mais uma vez. Equipei-me, e esperei ele se equipar também. Minha garrafa estava pela metade. Então descemos, eu, Rony e Hayrton que também estava em curso de mergulho. O descer foi fácil, e respirar também, eu não tinha lá essas dificuldades todas, o importante era viver essa experiência para poder trabalhar com mergulho ganhar uma graninha, pois não havia outra opção para eu ganhar grana, ou cantando ou mergulhando. Em determinado momento o Rony passa por um buraco e o Hayrton segue e eu vou também seguindo. Só que como meu cilindro estava pela metade eu estava com tendência de flutuação positiva, ou seja; subindo. E ao passar pelo buraco a torneira enganchou na borda e eu fiquei sem poder ir em frente. Isso fez com que eu respirasse mais rapidamente tornando assim meus pulmões mais cheios e consequentemente mais leve meu corpo ficava e a cada vez, mas difícil de sair dessa. Pensei em tirar o colete e subir, mas graças a Deus não foi possível. Se assim o fizesse eu tinha em mente prender o ar nos pulmões e de uma vez só subir até o nível do mar, mas seria meu fim, pois o ar comprimido preso ao subir iria se expandindo e poderia estourar meus pulmões ou mesmo provocar uma embolia gasosa, e o final seria trágico. Pra frente não dava, pra trás também, gritar não era o caso, bater no cilindro com alguma coisa para fazer som e assim chamar meus amigos não adiantaria, pois não tinha ângulo. E agora? Perguntei a mi mesmo. E a resposta foi que tinha chegado a minha hora. Lembro-me que olhava o manômetro e via cada vez mais o ponteiro ir à direção da zona vermelha, é uma marcação que quer dizer que ta na hora de subir. De repente um Saberé ou Sargentinho, como queira chamar, trata se de um peixinho com listras amarelas e pretas que existem em todo nosso litoral, e muito em Noronha. Um aparece bem em frente aos meus olhos e me diz. – Cadê toda a sua tecnologia? O que você pensa agora? E eu me senti impotente diante aquele peixinho e aquele marzão. Nesse momento a gente não tem a noção de tempo – espaço. Tudo é ao mesmo tempo agora. Eu me vi criança, vi meus pais, irmãos, repensei toda a vida. Não vi nenhum túnel, luz, nem figuras do céu, essas coisas que vêem no leito de morte, eu apenas refletia muito e cheguei a acreditar que esse seria meu fim, mas é impressionante o quanto a gente não sabe um milésimo de segundo sobre o futuro. Nem mesmo ali naquela situação eu poderia afirmar que seria minha passagem, pois isso só a Deus é permitido. Eu imaginava como morrer, não queria ficar esperneando com a presença de água dentro dos pulmões, preferia inspirar e prender o ar até desmaiar. Mas isso foge ao nosso querer, pois o ato dos pulmões inspirarem e expirar se da ao fato do ar ali contido estar queimado ou não. Quando a energia do ar que inspiramos é absorvida pelo corpo os pulmões o expelem para troca de um novo ar. Mas fui me deixando ir, aceitei o fato de encerrar minha jornada ali e me sentia feliz de ser assim. Bom, o fato é que não foi dessa vez. A respiração foi ficando cadê vez mais pesada, o cilindro já estava quase vazio, e eu numa tranqüilidade absoluta, esperando a hora. Já nem me lembrava que tinha mergulhado com amigos, aliás, nem me lembrava que tinha mergulhado. E de repente, não mais que de repente eu sinto uma força me empurrando para baixo e fazendo-me sair do engasgo. Era o Rony, olhei para ele bem calmo e fiz o sinal que estava sem ar, “que é passando a mão por sobre o pescoço como quem se degola”, e ele com um outro sinal mandando me subir, “que é a mão sinalizando legal, com o polegar para cima”. Eu repetia o mesmo sinal e ele repetia o mesmo também ate chegarmos ao nível do mar. E ao tirar minha mascara de mergulho e o regulador da boca eu coloquei todo o ar que havia sobre o mar pra dentro de mim, e gritei para o Rony, Filho da Puta, eu num disse que precisava de ar pôrra!!!! E ele falou bem tranquilamente, - é que o Randal* falou que mesmo acabando o ar nos pulmões, ao subir existe uma reserva que vai expandindo, e eu queria testar isso com você. É claro que não fiquei zangado com ele, e graças ao Rony hoje eu mergulho em Noronha sem um mínimo medo de faltar ar, desde que seja mergulho de até no máximo 17 metros.

*Randal Fonseca, Um dos melhores mergulhadores do mundo, e proprietário da primeira empresa de mergulhos em Noronha.

O ROUBO DO DEFUNTO


Certa época eu tive um programa de rádio em Noronha. O programa ia ao ar as 9:00 h. e encerrava as 13:00 h.de segunda a sexta e o titulo era “ Ju Medeiros Show”. Era um programa uníssono, só havia, e ainda é assim, uma radio na ilha. Todos ouviam, podia se dizer que era líder e audiência. Eu abordava vários assuntos e como dispunha de muito tempo, cada dia eu reservava uma hora, que era entre meio dia e uma da tarde, para um determinado quadro que eu inventava. A saber; Seg.”Pergunte ao doutor” onde eu fazia as mais ignorantes perguntas num português bem popular para que todos pudessem entender. Ter. “Porque ele pode e eu não” para as pessoas que se sentiam prejudicadas politicamente, a uns eram permitidos fazer algo, a outros a mesma coisa era proibida, isso dentro da mais ditadura possível. Na Quarta tinha o famoso “Som das Almas” onde só tocava musicas de artistas que já tinha morrido, pois eu notava que as rádios em relação aos artistas que morriam só tocavam suas musicas no dia ou no máximo durante uma semana pos morte, onde depois acabavam de matar toda sua arte. E por aí ia. Alguns quadros permaneciam e outros eu criava no próprio dia. Nessa época minha casa era na Praia do Meio, e de lá até a Rádio era uma boa subida, eu saia de casa as 8:00 h e durante o trajeto me encontrava com as pessoas e elas me falavam dos problemas e dos anseios para que eu falasse no programa, tornando assim um gerador de pautas autentico, vinha do povo para a radio e não ao contrario.
Mas, e o roubo do defunto? Vamos lá então; eu estava n meu programa, em um dia normal, e o Naldo que era o diretor da rádio, cujo nome eu chamava de Dr.Naldo Marinho, me falou que tinham roubado o corpo do Sr. João, (nome fictício) do hospital. O programa era sempre pra cima, e eu perguntei a Naldo, pô! Como é que eu vou dar uma noticia dessas? Eu não sei dar noticias desalegres. E ele falou, tem que ser você porque no programa do Raminho, (que fazia das 15h00min as 18h00min) não teria tempo hábil para que as pessoas encontrassem o corpo, conseguisse um caixão, (que era normalmente de caixa de geladeira) e fizessem o enterro. Então sobrou pra mim mesmo, e eu num esforço tremendo falei, o bordão era “Ju Medeiros Show, só na transa” isso era dito de uma maneira explosiva, e eu tive que falar isso de uma maneira pra baixo. Mas consegui. E como foi o roubo? Agora entraremos no assunto.
Seu João tinha falecido a noite. A causa fora de cirrose, como a maioria dos óbitos em Noronha naquela época. Horas depois de sabido da morte, filho dele com mais dois amigos foram visitar e velar o defunto no hospital, pois não havia lugar para velório na ilha. O medico era novato, a cada quinze dias era trocado, e esse era a primeira vez que vinha trabalhar em Noronha e não conhecia nenhum, nem tão pouco como procediam às coisas da ilha, e logo de cara proibiu que os amigos do Sr. João ficassem ali. Quando já passavam das duas da madrugada, o médico foi para sua residência, os amigos e o filho do Sr. João ficaram escondidos esperando a hora de entrar no hospital, e quando chegou à hora entraram. Para surpresa de todos, eles pegaram o corpo colocaram em uma maca e saíram hospital a fora, tornando assim um fato onde a vida imita a arte, em referência a um dos clássicos, do sempre bem amado Jorge Amado, “Quincas Berro D’água”. E no caminho o corpo caiu ao chão, em frente a casa do Seu Davi, que ao ouvir o barulho das rodinhas da maca e das falas do “pré-cortejo”, se levantou e olhou pela brecha da janela na horinha que o corpo caiu e se assustou pensando que era um assassinato. Continuaram pela Rua Amaro Preto, passaram pela frente do cemitério e desceram para a rua que da no Palácio e logo depois a Igreja Nossa Senhora dos Remédios, lá eles rezaram uma missa, (a maneira deles) e foram os quatro para a casa de um deles. Era o filho, o defunto e mais dois amigos de cachaça. Eles tinham um pacto entre eles que; no dia que um morresse eles passariam a noite bebendo juntos, e foi o que fizeram. Quando o relógio batia três horas da tarde foi anunciado na radio que encontraram o corpo e fizeram o sepultamento.

quinta-feira, março 16, 2006

O ROUBO INFANTIL


Como sempre recebo meus amigos e amigas na ilha, dessa vez tinha recebido a Cris, uma amiga de São Paulo que veio passar uns quinze dias na ilha. Nessa época a gente conseguia até dispensar a taxa cobrada por dia, apesar de nessa época ser ainda de um valor pequeno. Fui apanhá-la no aeroporto e viemos para casa. Tinha um garoto que sempre vivia lá em casa e eu aproveitava pedia para ele levar meus hospedes amigos para mostrar a ilha, como ele era nascido e criado na ilha ficava de bom tamanho e ele ainda ganhava uma graninha. Vou omitir o nome dele aqui por questões obvias, e ele deve ter hoje seus vinte e poucos anos de idade.
Um dia a Cris me perguntou se eu confiava naquele garoto, vamos chamá-lo de Garoto. Eu falei que sim, o conheço há muito tempo, e que ele é uma pessoa honesta, e perguntei, por quê? O que foi que houve? Ela me falou que tinham desaparecido cinqüenta reais da carteira dela. Eu falei que seria impossível, e perguntei se ela tinha certeza. Ela falou que absoluta e só poderia ter sido ele. Eu fiquei sem jeito, o garoto era meu amigo, não amigo de idade, e farra, mas amigo de carinho, era como um filho, um sobrinho, e isso me deixou muito constrangido. Mas eu tinha que averiguar a situação. Ele tinha tirado cinqüenta reais, eu acreditara na minha amiga, não tinha porque ela inventar essa historia, isso estava completamente fora de hipótese.
Um dia pela manhã, na hora do garoto chegar e esperar minha amiga para fazer mais um passeio, eu aproveitei que ela estava tomando banho e chamei garoto. E jogando uma verde perguntei como que acusando; - Mas garoto!!!! E ele perguntou o que foi Ju? E eu continuei, - tu deu um ganho de 150,00 R$ da Cris? E ele na mesma hora sem pensar, falou; - Não Ju, foi só cinqüenta. E imediatamente sentiu que tinha se entregado, e caiu na real me olhando com uma cara de desculpas. Eu falei; - Mas garoto, porque você fez isso? Me pedisse grana se tivesse precisando, mas roubar? Eu entendo isso é normal na sua idade, mas nunca mais faça isso, entendeu? E ele falou que sim. E eu falei, pegue os cinqüenta e entregue a ela. Ou você já gastou? Ele respondeu que não tinha gastado ainda, e que tava no bolso, e que entregaria a ela. E assim o fez.

quarta-feira, março 15, 2006

TODA FORMA ACOMPANHA COM SI SUA HISTÓRIA


Em meados de 1992 a 1993 o governo de Pernambuco trouxe para Noronha vários artistas para realização de um projeto, Noronha 3 VISÕES. Fotógrafos, artistas plástico, poeta, no singular mesmo porque só foi um mesmo. E como eu sempre tava no meio dessas ondas, fiz amizade com quase todos. Eram artistas ligado a Veneza brasileira, e recebi vários presentes e dentre eles um que foi assinado por nada mais nada a menos que dois grandes gigantes das artes plástica de Pernambuco; Gil Vicente e Zé Carlos Viana. Eram duas madeiras em forma de cruz que eles acharam na praia, resto de barcos. Na linha vertical eles desenharam de cima para baixo; uma ave voando no céu, uma casinha, notas musicais saindo dessa casinha, e uma onda na praia, e um golfinho fazendo uma acrobacia. Na parte horizontal da esquerda para a direita ele escreveu “Marco Zero do Stress”, e colocava acima dessa frase na parte vertical meu nome Ju Medeiros. Eu recebi aquela obra de arte com muito carinho e coloquei na parede da minha casa na Praia do Meio.
Alguns meses depois eu recebo em casa um xamã amigo meu lá do norte do país. Entre umas conversas e outras ele olhou para a obra de arte e me perguntou quem me dera aquilo. Depois que eu falei toda a historia ele me falou que se eu quisesse que minha vida melhorasse deveria apagar o meu nome naquela obra. Apesar de esse amigo ser um mestre meu e eu sempre o escutei com os ouvidos e coração, eu fiquei sem entender o porquê, como sempre ficava quando ele falava sem me explicar antes. Mas eu perguntei, claro que perguntei. Ele falou que toda forma carrega com si sua historia. A historia da cruz é de sofrimento, dor, morte, e eu não deveríamos deixar meu nome escrito numa. Eu ri e falei que achava que não tinha nada haver. E ele falou com sua calma e sabedoria de sempre. Retire e espere o tempo, que é o mestre lhe mostrar. E você ainda terá um positivo disso. Eu perguntei o que seria ou como seria esse positivo? E ele falou que eu observasse minha vida e que algum ser daria um toque sobre isso.
E realmente fiquei observando e atento a minha vida e aos amigos que me cercavam. E eis que um dia um moleque amigo meu, o Dequinha, moleque no sentido de criança bacana que sempre ia lá em casa e ficava me perguntando coisas e eu ia lhe ensinando o que ia aprendendo. Dequinha era muito observador, tinha seus 6 a 7 anos. Nesse dia ele entrou em casa como de costume e sentou no chão e logo em seguida perguntou a mim, “ oxente! Tirasse o teu nome dali foi? Apontando para a obra de arte. Na mesma hora eu me lembrei do meu mestre e o que ele tinha falado. Ri de mim mesmo e aproveitei para observar com vinha sendo minha vida até aquele dia. E pra minha surpresa vi que realmente as coisas tinham mudado para melhor. Parece historia pra boi dormir né? Mas só eu sei como minha vida vem se transformando até hoje. E para melhorar mais, eu desfiz a forma de cruz, coloquei o braço vertical todo para a direita e preguei na parte vertical. E até hoje eu sempre observo as formas, me lembro que quando adolescente em Olinda, a galera toda usava sempre uma cruz pendurada no pescoço, e concordo que para lembrar Jesus nunca deveria usar uma cruz e sim um coração. Pensem sobre isso.

segunda-feira, março 06, 2006

MULTAR PORQUE??????



MULTAS

ÓRGÃO AUTUANTE (Competência): DETRAN - PE

GRUPO: DETRAN

Agente Autuador: DETRAN BPTRAN



Cota: ÚNICA
Vencimento: 17/10/2005
Valor(R$): 127.69



Lote: 0250415437 Ag.Autuador: 117100 Serie: D Auto: 001727834-4 Infracao: 5185 DEIX PASSG OU CONDT DE USAR CINTO SEGData: 14/07/2005 15:01 Local: PISO SUPERIOR AEROPORTO - RECIFE Artigo: 167



No dia 14 de julho de 2005, eu fui deixar um amigo meu no aeroporto do Recife. Saí de casa meio dia e fomos procurar uma peixada para ele, pois como ele reside em Brasília e por lá não tem muitos peixes do mar, resolvemos saciar esse desejo por aqui. Na terra das famosas peixadas. O dia estava meio nublado, com chuvas esparsas e o transito em Recife dia de chuva é do jeito que minha avó gostava, bem lento, quase andando.
Sei que quando terminamos nosso almoço, conversamos um pouco e unindo a saudade dele e as conversas sobre a ilha, onde moro, vimos que o relógio não combina com a batida do coração, e resultado! Estávamos atrasados. Pedi a conta rapidamente, já entregando o cartão para esperar pouco, o garçom foi num pé e voltou no outro. Isso eu já tinha pedido ao manobrista que já fosse manobrando o veiculo até a saída. Bom, até aí deu para administrar as coisas. O caminho para o aeroporto estava horrível de lento. Quando subi o viaduto na Imbiribeira que já desce dentro do aeroporto. O Gustavo, meu amigo, já foi tirando o sinto para se preparar para descer enquanto eu ainda estava encostando o carro. Isso na rampa, dentro do aeroporto, embaixo de uma sacada. Ele desceu, me disse adeus e partiu, e eu já continuei indo para casa. Pois não havia necessidade nem tempo para eu descer, alem do mais já tínhamos colocado em dia todos os assuntos. Não me lembro de ter sido abordado por nenhum policial, me avisando que meu amigo estava sem sinto de segurança.
Dias depois me chega a multa. Eu não acreditei como é possível a indústria sem fumaça me pegar por ali, dentro do aeroporto. E aí eu fico a imaginar, como o Gustavo desceria com o sinto preso? Ele pesa seus cento e poucos quilos, só anda de terno e gravata, e com seu inseparável Note Book e sua pasta 00-10. Li a multa e fui procurar me justificar, pois o Detran nos dar esse privilégio. Podemos justificar. E falei mais ou menos o que escrevi aqui. Dias depois, chega uma nova carta me avisando que meu pleito tinha sido negado, sem chances, deferido. E realmente me feriu mesmo. Eu não paguei até hoje a multa, sei que eles vão cobrar no emplacamento do veiculo. Só espero que ele não adicione uma multa pelo atraso, pois qual o prejuízo financeiro que causo em atrasar? Entendo que atrasar uma prestação, tudo bem, há juros, atrasar um pagamento qualquer que houvera um compromisso assinado por mim, tudo bem, mas multa por atraso de pagamento de multa, é pleonasmo. Acho que não.
Passado alguns mais dias um amigo me falou que eu poderia recorrer, ou seja; correr novamente atrás de uma justificativa, mas o que o Detran pede para recorrer, nem correndo muito. Eles pedem cópias autenticadas e originais juntas de quase todos os documentos, aquela coisa para nos colocar numa situação de não querer ir em frente. E não fui.
O mais engraçado de tudo isso não é o fato da indústria de fumaça criar essas coisas, por exemplo, alias; por não exemplo, - Observei que agora tem alguns semáforos que fotografam quando o veiculo passa em sinal vermelho, até aí eu concordo, mas a velocidade do passar do amarelo para o vermelho é bem mais rápida que a do amarelo para o verde. Quando venho transpassar o sinal na hora dele passar para o amarelo, já era! A maquininha manda nosso 3X4 para o departamento de multa. E o pior de tudo mesmo quando chego em casa, todos os dias tem bem em frente ao edifício que moro, um carrocinha de vendas de CD´s e Dvd´s piratas e no outro lado jogo do bicho.

quarta-feira, março 01, 2006

RIO RECIFE SEM GRANA


Na mesma época de “O Falso Afogamento do Meu Tio“ no Rio de Janeiro vivi uma historia muito interessante no retorno para o Recife. Depois de passar um bom tempo na cidade maravilhosa, chegou a hora de voltar pra casa, e como eu tinha já torrado todo o meu pouco dinheirinho, pois dinheiro pouco eu tinha muito, meu avô comprou a passagem, com o dinheiro que minha mãe tinha enviado e eu nem sabia. Meu tio me levou a rodoviária, desta vez voltando pela São Geraldo, sabe como é né, a gente tem que mudar sempre para ter mais experiências. Ao me despedir do meu tio Edson, aquele que tinha “morrido afogado” ele me deu 37 cruzeiros, acho que era essa a nossa versão do dinheiro. E eu nem tinha me lembrado que haveria paradas para se alimentar. O caso é que na primeira parada, depois de seis horas de estrada, pois é o tempo que o motorista poderia dirigir sem descansar, era a troca de motorista e normalmante parava naqueles restaurantes Flexa. O ônibus parou, desceram todos os passageiros e cada um pegou seu rumo, uns foram tomar banho, outros comprar algo de comer para levar no ônibus e outros para sentar e comer, que foi meu caso, sentei e pedi um rodízio, e almocei. Chegada a hora de subir para o ônibus eu fui para minha poltrona e sentei me. Após uns 10 minutos de estrada eu falei e alto e bom som, “FUI ROUBADO!!!!!” todos ouviram e o motorista olhou para mim e me perguntou como foi isso? E foi encostando o veiculo no acostamento. Eu geralmente comprava cadeira de numero 3, sempre escolhia essa, pois ela era a primeira do lado esquerdo na janela e eu podia ver a estrada, alem de ser única, sem vizinhos. Naquele tempo não tinha essas paredes de hoje que limita a visão do passageiro, e o ônibus não era tão alto. Eu gostava de ir falando com o motorista, contando piadas, cantando algumas canções de minha autoria. Bom, o caso é que o ônibus parou, eu peguei minha pochete, aquelas bolsas que era tipo um cinto. Abri e despejei tudo o conteúdo no chão, tinha alguns trocados somente. Falei que tinha sido no almoço, e o motorista num bom carioquês falou, “poiishhi” é, vocês vem do do northhe e dão vacilo aqui. Eu falei que o dinheiro não era importante, o caso era que ainda tinham mais de dois dias de viagem e com eu iria fazer para comer? E o motorista prontamente falou, você janta comigo hoje a noite na troca de motorista. E um outro lá atrás falou, come comigo cabeludo, era assim que os passageiros me chamavam, nem precisa falar porque né? E assim prosseguiu a viagem, cada parada era uma festa, cada um queria ter uma companhia para almoço, lanche ou janta. É que nessas viagens longa, a gente vai fazendo amizade, vai e conhecendo, é como um ensaio de big brother. E as pessoas que viajam sozinhas torcem para que tenha algum para conversar e principalmente jantar ou almoçar juntos. Na realidade foi a viagem que mais comi na minha vida.

O SORVETE E O VENTO


Em 1975 eu estudava no colégio “Espírito Santo Uniu Dois Amigos”, ou melhor, lembrando ESUDA, um colégio moderno para época, as provas eram aos sábados, já eram com gabaritos em cartões perfurados, ao invés de ser sirene para avisar sobre início e fim das aulas, se ouviam uma canção clássica de bethovem, se não me falha a memória.
Eu sempre ia e voltava para o colégio de ônibus. Morava em Olinda e tinha a linha Casa Caiada, que era o único ônibus que fazia o trecho Olinda até a Rua Riachuelo em Recife, da empresa Borborema. E a volta sempre era aquela bagunça. Eu ia soltando graçinhas para as pessoas que estavam na parada e não subia, claro, as pessoas que estavam trabalhando duro na rua, era meu jeito moleque de brincar. Por exemplo: tinha uns operários cavando um buraco no percurso, no asfalto quente, pois eu sempre voltava depois do meio dia, e eu falava; “tem o que fazer não é cavando buracos essa hora?” O ônibus sempre estava lotado e o motorista nem podia abrir a porta para que entrasse nenhum passageiro, e nem caberia, mas ao dar um rasante pela parada eu aproveitava e soltava umas frases dessas sem graça, que me arrependo às vezes, pois hoje eu sei o que é ter que trabalhar no chão quente ao meio dia, não que eu tenha tido esse oficio, mas a necessidade de ter que ter de fazer algo para poder ter o que ter para comer. E uma essas voltas para Olinda, ao entrar no ônibus, eu vi que tinha um resto de pote de sorvete, já meio derretido. A parada do onibus tinha uma fila enorme de comprida, de maneira que quem não embarcava nessa viagem ia ficando para encabeçar a próxima, eu já dava uma de experto, já entrava na fila encabeçando a próxima, e nenhum podia reclamar pois só quem via eram os primeiros 80 entrarem. Mas voltando ao sorvete; tava la aquele pote de sorvete no banco, algum tinha deixado ali e desembarcou, pois era o terminal. Eu peguei o pote e me sentei, e falei que iria jogar em algum na rua. Deixei o ônibus dar a partida, e lá vai o ônibus, estudantes, trabalhadores, sentados e em pé, num calor infernal, e lotado. E os meus amigos que eram cúmplices de longe falavam, joga nesse aí, naquele, e eu escolhendo a hora de poder jogar o pote para melar a pessoa que estava na rua, porque eu não poderia errar, tinha de ser um alvo certo. Foi que eu vi uma pessoa parada na calçada, esperando o sinal fechar para atravessar, mas o sinal estava aberto, eu tinha visto isso, e falei bem alto, vai ser nesse ali! Todos ouviram e obviamente olharam quem seria a vitima e olharam também para mim para ver se eu teria coragem, se acertaria, e é que chegou a hora em calculei o tempo de jogar o pote, pois tinha a velocidade do ônibus, e eu discutia antes com os amigos sobre isso, que numa velocidade tal, ao lançar um objeto, a velocidade inicial, seria assim, assado. Na realidade eu falava para aparecer e as pessoas pensarem que eu era bom em Física. O fato é que joguei o pote na hora estudada, me esqueci da ação dos ventos, resultado: O pote vira o lado e sorvete já totalmente derretido volta ao ponto de partida pela ação dos ventos e me mela todo de sorvete. A risada foi uma só no ônibus, e eu me olhava e olhava as pessoas, com uma cara vermelha, (e vergonha) e creme, (do sorvete).

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

O CARTÃO DE CRÉDITO





Em 2001 eu tinha viajado ao Rio de Janeiro para gravar um novo CD. Desta vez fiquei na casa do meu amigo irmão Pierre Aderne, que estava com uma gravadora que se chamava Panela Music, embora isso nada tenha com a historia, é só um comercial de graça pelo serviço de graça que ele fez pra mim também. Um belo dia eu ligo para o banco para fazer uma transferência de dinheiro para uma pessoa, que nem me lembro mais o nome. Após uns vinte minutos ao telefone e já concretizada minha solicitação, a moça da linha perguntou se eu poderia ceder 5 minutinhos do meu precioso tempo. Falei que sim, ela falou um momento Senhor E passou para um outro departamento, que era uma administradora de cartões de credito. A vendedora perguntou se eu me interessava por uma cartão de credito. Eu falei que não. Ela perguntou porque e eu falei que nem eu tinha credito aprovado em lugar nenhum, e nem eu gostava de cartões de credito. Ela começou a insistir, falando que era muito bom, que eu tinha já um cadastro aprovado, que numa viagem seria ótimo, etc. eu falei que não, e que nem estava na minha cidade, estava no Rio de Janeiro. E ela falou, não há nenhum problema, nos enviamos para o local que o senhor esta hospedado em dois dias. E continuou, o senhor vai passar quantos dias no Rio? Eu respondi que uns trinta dias, pois estava gravando um CD. Ela perguntou, o senhor é musico? Sim, respondi e continuando a resposta, e como à senhora vê sou um artista desconhecido e não vou ter garantias para esse cartão. Mas a moça estava decidida a me forçar a aceitar esse cartão. E depois de uns trinta minutinhos a mais, eu falei; olha, vou ser sincero não quero, e ela insistiu mais uma vez, foi quando eu falei, ta bom, eu vou aceitar, mas vou gastar e não vou pagar a fatura. Ela riu, e perguntou meu endereço no rio, eu dei com todo prazer.
Três dias depois, não mais de três dias, o cartão chega ao destino. Eu tinha até dado o endereço do estúdio, pois eu passava a maior parte do tempo lá mesmo. Quando vou entrando a secretaria do Pierre me chama e fala que tinha chegado uma correspondência para mim. Eu nem me lembrava mais o que era, e ela me entregou um envelope, por fora parecia ser algo insignificante, apenas um plástico branco, com um remetente que eu não tava conseguindo ligar a placa à carroceria, mas eu abri e fui me dirigindo à sala de gravação. Lá eu abri o envelope e .... Que surpresa, era uma coisa muito linda, um livrinho que explicava vários números de telefones caso eu precisasse, para perda, roubo, no Brasil no exterior, e quando vou abrindo mais coisas, lá esta ele, o cartão, lindo, plus, 24 HORAS, internacional, era a coisa mais linda que eu já tinha recebido de presente. Nesse dia nem gravei, sentei e fiquei lendo tudo que tinha de vantagens. E tinha uma orientação para assinar logo no local indicado, por segurança, pois se perdesse algum poderia assinar. Eu não tive duvida, pedi uma caneta ao Pierre, que tinha uma daquelas canetas caras e assinei no local indicado. A emoção era tão grande que a tinta nem queria sair. Pode prestar atenção, sempre que vamos assinar um cartão de crédito a caneta falha, o local é minúsculo, mas assinei lá no local indicado. E me sentiu com poder, especial, plus, máster, ouro e internacional.
À noite saímos para jantar num desses restaurantes bons de Ipanema, e jantar com Pierre naquela épocas era sinônimo de mordomia, ele sempre pagava, e eu falei, Pi, essa conta eu pago, ele ficou surpreso e eu falei, essa é minha. E perguntei ao garçom se aceitava cartão, embora eu já tivesse lido numa plaqueta em cima da mesa que sim. Mas, eu queria ouvir do garçom. E mandei ver.
Pela manha acordei e antes de ir ao estúdio fui para o shopping, eu desfilava pelos corredores, as vitrines ficavam chamando meu cartão, compre aqui, e outra do outro lado, aqui Ju Medeiros, o cartão começava e ficar irrequieto e a pular no meu bolso, eu num gesto de solidariedade com ele, entrei na loja e tome a comprar. Comprava o que não precisava com um dinheiro que não tinha. E falei pra mim mesmo que pararia quando o limite dissesse STOP. Mas parece que cartão novo nem tem limite, pois demorava a falar STOP.
Na oportunidade fui a São Paulo, e na famosa Rua Sampaio, se não me falha a memória, a rua dos músicos, onde existem quase todas as lojas de instrumentos musicais de Sampa. Entrei numa loja e pergunte se tinha uma guitarra, e dei as coordenadas para o vendedor, ele me trouxe uma coisa linda, uma guitarra com um modelo bem antigo, mas era um lançamento. Era uma estratégia da fabrica, ré lançar alguns pedais e guitarras dos anos 60, com a tecnologia atual. Perguntei ao vendedor quanto custava, e ele falou o valor e que dividiria em seis vezes no cartão. Não tive duvida, sem pensar meia vez falei para ele, pega aí o cartão, se passara eu levo. Não só levei a guitarra mas também um estojo para a mesma.
Em uma outra loja fui pagar uma coisa e não foi mais aceito o cartão, falou, e eu perguntei com aquela cara de espanto, - Como assim? E a vendedora falou que tinha esgotado o credito. Que absurdo eu falei.

Poucos dias depois da data de vencimento, eu já na minha residência oficial, chega à fatura. Eu até pensei teria condições para pagar mesmo, mas por ironia do destino eu estava liso, de maneira que se jogasse um gato no meu peito, ele caía escorregando de tão liso. E não paguei a fatura na data que era para pagar. Três dias depois um telefonema.
Senhor Fulano de Tal? Eu falei sim. – aqui é da administradora do cartão de crédito falou a voz salgada e crua do outro lado. Já não era mais aquela voz doce e paciente que eu conversei no Rio de Janeiro. – Estamos ligando para avisar ao senhor que a sua fatura até o presente momento não foi pago senhor. Eu respondi na maior cara de pau, - claro, eu sei, ou a senhora pensa que eu não estou a par das minhas responsabilidades? – Sim senhor, eu sei, só estou telefonando para ver se ouve algo de errado, é claro que nós temos a maior confiança nos nossos clientes, sabemos que são pessoas de índole e muito especial para nós. – ah sim, respondi. E em o que eu poso ajuda la senhora? Gostaríamos de saber quando o senhor vai efetuar o pagamento e avisar que nos dispomos de uma condição especial de pagamentos mínimo, caso o senhor esteja passando por algum problema momentâneo. Eu falei, não estou passando por nenhum problema momentâneo senhora, (em entendo, ia começas ela a falar) e eu continuando, - como ia falando não estou passando por nenhum problema financeiro momentâneo, sou o próprio problema financeiro senhora, eu não tenho dinheiro para pagar essa fatura nem tão cedo. E por gentileza quero falar com a pessoa que me deu esse cartão quando eu estava no Rio de Janeiro. Senhor, fala a funcionaria, nos somos do departamento de cobrança, o departamento de capitação de clientes é outro. Mas eu estava querendo irritar a funcionaria, e me fazia de bobo. – mas nós conversamos tanto no Rio de Janeiro, façamos muito amigos, ela foi tão simpática, tão atraente, inteligente, meiga, chega ser até linda sem eu mesmo poder vê la. A funcionaria foi se irritando e continuou a falar que se eu não pagasse ia correr juros, etc. e eu concluí o papo falando que a partir de agora só falava com minha amiga do Rio de Janeiro. Ela desligou o telefone.
Depois de 45 dias me liga uma pessoa com o seguinte texto: - Boa tarde, é da residência do senhor fulano de tal e tal. O cara falou meu nome inteirinho, a ultima vez que ouvi meu nome assim foi há mais de 30 anos, minha mão me acordando para ir para o colégio. É sim, prossiga. Aqui é do escritório de advocacia Gustavo Cortes & irmãos Ltda. Que esta falando é o Fred. E eu falei, pois não, de que se trata? Gostaria de saber quando o senhor vai pagar a fatura do cartão credito que já esta em atraso a mais de 40 dias senhor. Quem esta falando? Perguntei novamente, e o advogado já meio que irritado respondeu, é o advogado Fred Moreira da Silva, e eu falei você nem é o diretor desse escritório, pois se fosse seria Fred Cortes, você deve ser estagiário né? Aí o cara pegou ar e começou um discurso assim, o senhor vai ou não vai pagar? Porque se o senhor não pagar eu vou mandar prender o senhor. Nesse momento eu já saquei que não era um advogado experiente, pois não falaria umas besteiras desse jeito e aproveitei e disse; tu prendes pôrra nenhuma seu advogado de merda. E ele já lotado de raiva ainda falou; pois eu vou aí onde o senhor esta. E eu falei, e tu tens dinheiro pra vir aqui pôrra, só à passagem é teu salário, e tu ainda vai ter que pagar a taxa de permanência que são 21 reais por dia e ainda conseguir uma pousada. Ele nem sabia que eu resido em Fernando de Noronha. E pra que você não pense que eu sou otário, fique sabendo que; tenho profissão definida, endereço residencial fixo, e nenhum vai preso por divida no Brasil, a não ser pensão familiar ou deposito judiciário, seu otário! Desliguei o telefone.

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

MINHA VIGANÇA AO PLANO DE SAÚDE


É sabido que saúde publica no Brasil vai devagar quase andando, é, quase andando, pois se falarmos assim talvez comece a andar de verdade. E diante das opções que temos ou um plano de saúde pessoal, ou acreditar no destino como fala meu irmão Gustavo Cortês. E a opção é Plano de Saúde, e pelo que vemos na imprensa em geral as coisas não andam tão bem também não, é só para nos pegar mesmo, se atrasamos três meses, já era, temos que procurar um ouro plano e esperar toda a carência que eles obrigam. E se eles falirem? Quem se responsabiliza? Nenhum meu irmão, a gente se ferra também. Ainda bem que o preço é bom, para o a empresa, lógico.
E diante dessas coisas resolvi me vingar de um plano que eu tinha. Peguei o livro de consultas e saí sublinhando todos os médicos que eu gostaria de visitar. Foram vários “ istas “ , oftalmologistas, cardiologistas, endocrinologista, otorrinolaringologista, etc.istas. A seqüência foi assim;

1 – Cardiologista:
Cheguei na clinica com a mão no braço esquerdo e falando bem rouco e baixinho. A secretaria já vendo minha situação me atendeu primeiro e perguntou se eu estava bem, respondi que agora sim, pois estava num consultório medico e deveria ser atendido. Ela pediu minha identidade, carteira do plano e a comprovação do pagamento em dia, dei a carteira do pano, a de identidade e como sabia que por lei não sou obrigado a provar que estou quites com o plano, falei que não tinha, que pagava somente pela internet e não tirava copias e que a lei me dava o direito de..., ela já falava, não tem problema eu verifico. Quinze minutos depois sou chamado para ser atendido. Me levanto com esforço e depois de ter ouvido da secretaria o numero da sala, pergunto bem mais baixinho ainda, qual é a sala senhora? E ela obrigatoriamente me responde, sala 5 senhor. Boa tarde, sr. Ju Medeiros, e eu respondi, - Boa mesmo ta agora doutor, porque acho que estou muito doente. Ele pede para eu sentar e faz seu questionário; O sr. Fuma? Sim. Bebe? Muito, (embora eu nem fume nem bebo nada), Dorme bem? Não doutor, tenho muita dor de cabeça e às vezes falta ar para eu respirar. Tem diabete ou algum familiar que tenha? -Eu não sei se tenho, mas minha tia por parte de mãe tem e por parte de pai eu tenho três tios que tem isso aí. (tudo mentira). Tudo que ele perguntava eu optava pelo pior, ele já meio que assombrado, principalmente pela minha voz rouca, e de repente comecei a forçar a respiração. Ele falou, por favor, tire a camisa e deite-se aqui. Eu sentei na cama e baixei a cabeça e falei, doutor deu uma tontura agora. Ele falou sim, e começou a auscultar meu coração. Nessa hora tive medo dele desconfiar de tudo, mas que nada, parecia que ele tava mais nervoso que eu. E falou, seu coração ta normal, e sua pressão também. E eu falei com um riso natural que só uma flor de plástico, - então o que eu tenho doutor? E essa dor que eu tive hoje pela manhã? E essa falta de ar? E ele, calma meu senhor calma, vamos diagnosticar tudo, preciso passar uns exames para você. Chegou onde eu mais queria, fazer todos aqueles exames em maquinas sofisticadas, radiografias a cores, urina, sangue, etc. deixei a clínica e fui para casa com quase 100 gramas de papel em requisições de exames. 2 - No laboratório de análises;
A moça me deu aqueles frasquinhos para coletar urina e as recomendações; Tem que coletar a primeira urina da manhã e o segundo jato, não pode fazer sexo nem nenhuma atividade física por dois dias, e tem que vir aqui com doze horas em jejum. Ok, eu falei.
Passei a noite namorando com minha mulher, ela até estranhou a performance, eu queria extravasar, depois fizemos um tremendo pic-nic noturno. Pela manha me levantei e fiz xixi, fui tomar café da manhã, coisa que raramente faço, e comi ovos, bacon, leite, café, suco, e ainda algumas colheres de açúcar, minha mulher já muito desconfiada e eu falei de que se tratava e rimos até as dez horas da manha, horário que fui levar a urina, que deveria ser o décimo jato de décima urinada. Chegando lá, o pessoal da clinica de analise ainda perguntou se eu estava em jejum, não tinha feito sexo nem atividade física nenhuma, e eu respondi que, claro Dr. Num era isso para fazer? E fui tirar sangue, foram 4 tubinhos. E a toda hora morrendo de rir por dentro, pois eu imaginava a cara do cardiologista quando visse o exame.
3 – Endocrinologista;
Esperei minha vez, sempre falando manso e rouco. E depois das mesmas perguntas e exigências, entrei na sala do medico. Ele perguntou o que eu sentia e eu falei tudo que me viesse a cabeça, ele apalpou minha garganta para sentir algumas glândulas e nesse momento eu dei um grito que ele quase quebrou o estetoscópio e pediu para eu sentar e passou mais uma porrada de exames.
4 – Oftalmologista;
O único que não deu muito certo, ele pediu para eu sentar na máquina e falou, - o senhor vai olhar para aquela parede ali, eu respondi, que parede? Ele riu e sacou que era uma brincadeirinha, e me fez olhar por aquela maquininha e perguntava se eu poderia ler as letrinhas. Eu falava que não e ele ia aumentando o grau e perguntava, - e agora, e eu respondia que não, tava embaçado. Depois saquei que ali não dava para eu fazer isso, pois necessita de uma resposta verdadeira, eu tinha que ler as letrinhas.
5 - Esteira para avaliação do coração e pulmões;
O medico fez suas perguntas e eu respondendo conforme normas, minhas claro. E pediu para que eu subisse na esteira, isso depois de quase ser depilado para colocar aquelas presilhas e conectar aos fios. Eu me sentia um astronauta fazendo exames. E o doutor falou, vou ligar a esteira devagarzinho depois vou aumentando a velocidade, se o senhor não agüentar me fale que eu para. Ele ligou a esteira e depois de exatamente um minuto eu disse com a voz em fragmenos, dou-tor não arrr-guento mais naaaa-daa. E ele desligo e começo a escrever, parecia guarda de trânsito em esquina do centro da cidade, olhava e escrevia, olhava e escrevia, só me dando multas. E disse o senhor precisa se cuidar. Eu ainda perguntei, o que eu tenho doutor? E ele me respondeu, leve os exames ao cardiologista e ele vai lhe falar, mas pelo que vi aqui o senhor não esta muito bem fisicamente.
No otorrinolaringologista eu comecei falando que senti uma dor muito forte quando baixava a cabeça, e toda vez que ia mergulhar o ouvido doía muito. E ele já foi diagnosticando uma sinusite e pergunto se eu sentia isso com freqüência, eu respondi que as vezes nem me levantar da cama o dia inteiro, ficava no quarto com o ar condicionado bem frio e me cobria todo. E fui falando a ele coisas que uma pessoa que sofre de sinusite jamais poderia fazer, tipo; beber líquidos muito gelado, fumar, mergulhar gripado, ar condicionado muito forte, etc. ele passou uns exames de radiografias faciais. Como no plano de saúde existem alguns exames que precisa passar por uma perícia, e lá foi que eu me diverti muito. Uma semana depois fui levar os exames aos médicos para analises e diagnósticos, ouvi tanta coisa que essa vou ficar devendo a vocês em outra oportunidade.

terça-feira, janeiro 31, 2006

O FALSO AFOGAMENTO DO MEU TIO EDSON



Em 1976 resolvi ir conhecer o Rio de Janeiro pela segunda vez, é que uma cidade como o Rio de Janeiro não se conhece da primeira vez de maneira nenhuma. Comprei a passagem, de ônibus, a grande e velha Itapemirim. Minha vó residia no rio, em Grajaú. Eu tinha meus 18 anos, sonhava jogar futebol na cidade maravilhosa, a viagem demorou três dias ou dois e meio, não lembro bem. Ao chegar na rodoviária fiquei esperando meu tio me apanhar. Ele demorou muito, sabe o Rio como é né? E ele não tinha carro naquela época, (e nem hoje)kkkk, comecei a olhar a cidade dali mesmo onde eu estava. Quanto carro, quanta gente, coloquei a mala no chão ao meu lado e comecei a olhar para cima e fiquei pasmo, quantos prédios, quando olhei para baixo minha mala já era. Essa foi minha primeira experiência lá. Mas fazer o que, na realidade a mala de valor só tinha minha chuteira “gaeta”, (era uma marca das boas na época), e algumas roupas que com certeza não era da onda no Rio.
Finalmente chegou meu tio e pagamos um táxi para casa. Minha vó já me esperava com uma comidinha que só ela sabia fazer. Havia uns 6 anos que eu não a via. Meu avô um velho esperto e bem malandro, na boa concepção da palavra, fazia gaiolas para pássaros e passava o restante da tarde a tomar uma cervejinha e jogar bilhar. Eram aposentados. Me lembro que um dia fui com meu avô ao bar que ele sempre ia e se encontrava com os amigos para jogar e eu entrei na onda de querer jogar com eles, só que o jogo sempre era apostado, não precisava combinar nada, quem perdesse pagava uma cerveja. E depois de ter que pagar umas dez cervejas voltei para cãs com a promessa de jamais pegar um taco de sinuca para jogar, nem que fosse sozinho.
Um outro dia fui à casa de um amigo do meu tio, não me lembro mais onde era, só me lembro que passava por Belfor Roxo, e meu tio falou: - Me dar teu relógio se não alguém leva e tu nem sente, como fizeram com tua mala, e ele falava num bom carioquês, que tinha aprendido nesses anos que residia na cidade de são Sebastião. Todos eram da Paraíba e como muitos nordestinos foram para lá ariscar, e na real só riscaram o ar mesmo, pois além dos meus avós, que se aposentaram pelos Correios e Telégrafos, meus tios tiveram que malhar muito para ter algum pouco. Bom, continuando a historia da passagem pelo Belfor Roxo, eu dei meu relógio ao meu tio, afinal de contas como um Paraíba, inexperiente, e novo podia se safar dos malandros em ônibus na zona norte do rio de janeiro? O fato é que ate hoje não sei onde anda esse relógio. Na casa da minha vó morava, ela, meu avô, Edson, (meu tio), e eu era o mais novo inquilino. Meu tio trabalhava o dia todo numa fabrica de lâmpada e só chegava as dez da noite e eu ficava por ali, conversando com meu avo e aprendendo as coisas da vida. Meu tio tinha uma noiva, que se chamava Gloria, e tinha uns casinhos paralelos que só eu sabia. Como eu quis me vingar do desaparecimento inexplicável do relógio, eu inventei uma estória para o casinho que ele tinha. Ele sempre falou para ela que morava sozinho, que eu tinha vindo para morar com ele, e que minha vó morava em Niterói. Eu fui ao orelhão, liguei para a namorada dele e falei que tínhamos ido a praia em botafogo e que meu tio tinha mergulhado e não mais voltou e que eu já estava em casa,pois tinha pegado um táxi e que desde ontem ele não tinha aparecido em casa e eu não sabia o que fazer. Era um domingo, e claro que meu tio passava o final de semana com a noiva e no meio da semana dava uma saidinha com namorada. A confusão tava armada, eu nunca pensei que a namorada viria até a nossa casa, e foi exatamente o que aconteceu; a noiva do me tio, a gloria, resolveu passsar o domingão na nossa casa. Por volta de meio dia mais ou menos batem a porta e minha avó foi verificar quem era,meu tio tinha saído para comprar alguma coisa e só estávamos em casa nós três, eu minha vó e gloria. Minha vó abriu a porta e viu uma moça e disse; - pois não. – O edson esta? Perguntou a namorada. – não, respondeu minha vó. A namorada, vamos chama la assim de agora por diante, tava com um pacote na mão, era um almoço que ela trazia para mim, pois pensava que eu estav sozinho em casa. Minha vó falou, - entre um pouco. E ela meio que desconfiada perguntou, o Ju esta em casa? E minha respondeu que sim, foi me chamar, quando eu cheguei na sala e ela me falou, pois é sinto muito, eu não entendi, e fui sacando que essa era a namorada, aí caiu a ficha. Eu queria rir e chorar ao mesmo tempo ela falou, quando vi D. Iracema (minha vó), aqui logo percebi que era verdade. Nisso a Glória foi chegando a sala falou educadamente com a moça, boa tarde, tudo bem? E ela respondeu, bem não né, com esse acontecimento. Minha vó pergunta imediatamente, - que acontecimento? A senhora não sabe?responda a namorada, e olha para mim e a Glória, e eu respondi, o que foi que aconteceu? Com a cara bem cínica. E ela perguntou, o que esta acontecendo aqui? Já num tom bem diferente, e a Glória respondeu, como assim? O que esta acontecendo aqui, quem é você? E aí a coisa começou apegar fogo, quando ela respondeu que era a namorada do Edson e que veio aqui porque tinha acontecido um acidente com ele no sábado e que pensando em mim veio trazer algo para eu comer. E a Glória perguntou, - que estória é essa de acidente, de namorada? Olha bem, eu sou a noiva do Edson e quero saber essa estória, tim tim por tim tim. É nesse momento que meu tio entra em casa e se depara com a namorada, a noiva, minha vó, e eu. E ainda perguntou o que estava acontecendo. Eu saí de casa e ainda ouvi a Glória falar, escute aqui seu cachorro, essa piranha aqui, e a piranha, quer dizer, a namorada falando, piranha não, espera a!!í. E fui pro bar me encontrar com meu avô. O noivado acabou, eu fiquei com a consciência pesada, mas de tanto rir depois, e o meu tio também, e ainda me conformou, esquenta não, eu converso com a Glória depois. Hoje eles são casados, tem 3 filhos e moram no Recife

VENDEDOR DE REVISTAS POR TELEFONE


Um dia normal, como outro qualquer, eu tava em casa me preparando para assistir um filme no DVD, como na ilha existe uma doença que chamo de solidão cultural, na realidade nem existe mais, pois hoje já tem varias curas. Mas nessa época ainda sofríamos desse mal. O telefone toca, e toca mais, geralmente eu deixo o telefone tocar umas 5 vezes para poder atender, motivo esse que criei para ter certeza, ou quase certeza que o assunto é de interesse de quem ta ligando. Como tinha algumas vezes que eu deixava tocar até a campainha ficar rouca de tanto chamar. Mas nesse dia eu estava de bem com a vida e embora eu tivesse que assistir ao filme, me dei à oportunidade a atender ao telefone. Alô, e do outro lado a pessoa fala, - Boa tarde, é da residência do Sr. Roberto? Eu respondi que não, é da casa do Ju Medeiros. Oh me desculpe senhor meu nome é Cláudio sou da editora abril e temos uma... daí eu vi já a merda que tinha feito ao falar meu nome para o distinto cidadão. Mas já era tarde e tive a idéia de criar uma história chata na hora e comecei a falar sem dar tempo a ele.
Oh meu amigo, que bom você ter ligado agora, estou sozinha aqui em casa, eu resido numa ilha, não tenho amigos, nenhum gosta muito de mim aqui, a única pessoa que falava comigo era minha tia e ela faleceu semana passada. E ele do outro lado só falava, - pois não Sr. É uma pena Sr., eu compreendo, mas.. e eu não deixava ele começar nenhuma frase e continuava. – e foi bom o senhor me ligar, minha tia era uma pessoa maravilhosa, velhinha mas de uma fé muito grande na igreja batista, o senhor é da igreja batista? E ele, - Não senhor, mas tenho muita fé. Mas o senhor gostaria de participar da igreja batista? Não senhor, agora no momento não. E deixei-o começar a falar com uma pergunta, mas sim, o que o senhor deseja? Ele já meio ofegante começa a falar. - Sou da Editora Abril e temos muitas revistas interessantes para uma pessoa como o senhor, temos por exemplo a revista, eu cortei a fala dele e perguntei por cima, o senhor tem alguma revista que fale sobre saúde? Sobre pessoas idosas? E ele responde, - temos sim tem a revista tal que abrange esses assuntos. E eu mais uma vez cortando a fala dele. – porque me interessa esse assunto, pois minha tia morreu de uma doença muito estranha, começou uma feridinha no dedo medinho esquerdo, e ela coçava muito, e sempre passávamos areia de praia, pois disseram que as águas de Noronha curava por causa dos golfinhos que passavam os dias lá. Na realidade eu contava historias mirabolantes para que ele fosse cansando tanto de ouvir como de querer entender. E falava, mas desculpe Senhor?? Como é mesmo seu nome? Cláudio senhor, meu nome é Cláudio, pois bem seu Clovis, ou desculpe, Sr. Cláudio, pode falar, terminou eu falando mais que o senhor né? – é senhor, o Sr. Fala muito mesmo, mas é assim que deve ser, o senhor aí sozinho numa ilha e ainda mais com a perda da Sra. Sua tia não é? É respondi e quando já ia começando a falar ele já sacando a situação dessa vez foi quem me cortou a fala, e u por cima com um tom mais grave e gaguejando e tossindo ao mesmo tempo - O senhor ta falando por cima da minha voz, como pode, eu não posso entender nada, e ele falou, desculpe senhor, olha eu ligarei um outro dia se o senhor não se incomodar, pois no momento o senhor ta em luto, e eu cortando a voz dele novamente, não!! Pelo amor de Deus, vamos conversar, olhe meu amigo, minha tia morreu faz uma semana e eu dou graças a Deus e aleluia ao senhor Jesus por ter atendido esse telefone, e aproveito para pedir desculpa pela demora em atender, é que eu tava no quarto olhando meu dedo medinho, tem uma feridinha que parece a da minha tia. E do outro lado a linha, tum tum tum tum.